CONFEDERAÇÃO DO DESPORTO DE PORTUGAL
Em 1990 o taekwondo, a única arte marcial com estatuto olímpico, ganhou um praticante que é hoje campeão nacional e acaba de garantir o apuramento para Pequim porque... era mais barato do que o karaté.

Assim mesmo. Pedro Póvoa, é dele que se fala, sonhava quase desde o berço com a prática de um desporto desta área, influenciado pelos filmes e desenhos animados do Bruce Lee e do Shaolin, entre outros.

Queria o karaté, o pai encaminhou-o para o taekwondo, mais em conta. O destino do jovem portuense foi a ACM (Associação Cristã da Mocidade), onde chegou com 10 anos e com pressa de combater.

Mas havia que não queimar etapas e, por isso, teve de contentar-se com o treino e com a aprendizagem da muito própria filosofia deste desporto. Não teve, por isso, outro remédio senão o de praticar na rua - "sou da Ribeira", diz, como que a justificar -, onde dava e levava mas onde percebia também que o taekwondo começava a ter efeitos positivos na criança explosiva que era até então - "fiquei mais pacífico depois de começar a praticar", esclarece.

Ao cabo de cinco anos de "trabalho invisível" Pedro, então com 15, estava pronto para dar o salto que iria mudar a sua vida. O destino foi a Associação de Taekwondo do Minho, onde encontraria mestre Joaquim Peixoto. Estava formada uma dupla com capacidade para ser uma das melhores também a nível europeu, mundial ou... olímpico.

O talento era muito, a vontade de competir mais ainda, mas nem assim pode deixar de considerar-se surpreendente o que aconteceu a seguir. Pedro teve o seu primeiro torneio "a sério", um regional, e ganhou.

O passo seguinte foi o campeonato nacional, onde, ainda com 15 anos, o miúdo perdia com Paulo Reis - "um grande atleta, infelizmente já falecido" -, ao cabo de um empate decidido pelos juízes a favor do mais experiente.

Foi... a única derrota de Pedro Póvoa a nível nacional! Passaram 12 anos, e o portuense não mais perdeu. Como juvenil, foi campeão nacional de juniores e seniores, os primeiros de uma colecção de títulos aos quais já perdeu a conta, porque o futuro é já ali e é esse que Pedro Póvoa se prepara agora para escrever. Em mandarim...

Espanha e Guatemala na formação do atleta
Por opção - "a Espanha é a maior potência europeia do taekwondo", esclarece Joaquim Peixoto - e em resposta a um diferendo que em tempos manteve com a Federação da altura, Espanha e Guatemala foram etapas importantes na formação e progressão de Pedro Póvoa. "Na Guatemala trabalhou com um dos melhores técnicos do Mundo", avaliza o treinador actual.

Joaquim Peixoto: "Istambul foi a vitória da persistência dele"
Treinador de Pedro Póvoa há 12 anos e actual seleccionador nacional, Joaquim Peixoto tem um discurso menos exuberante do que o pupilo mas em que se nota também algum optimismo. "Perante este percurso mais recente do Pedro, com as condições que a Federação nos tem proporcionado e com resultados muito bons, acredito que é possível sonhar com algo grande em Pequim", analisa o treinador, justificando: "Ele derrotou o campeão da Europa e o campeão do Mundo... isto foi uma vitória da persistência e o que eu digo é que se ele mantiver essa persistência podemos surpreender também nos Jogos Olímpicos.
Em Pequim, como em qualquer competição mundial de taekwondo, o maior perigo "vem da Ásia, nomeadamente dos atletas da Coreia, China Taipé e Tailândia", analisa o seleccionador que, no entanto, considera o teste europeu "o segundo mais difícil de todos, porque além do mais o Pedro teve em Istambul o pior sorteio possível. Ou seja, depois do percurso que fez e com os resultados que conseguiu acho que posso acreditar que ele agora está preparado para tudo. Até porque tem uma margem de progressão enorme, numa categoria de muitas transições", concluiu Joaquim Peixoto.
Fonte: O Jogo