CONFEDERAÇÃO DO DESPORTO DE PORTUGAL
Telma Monteiro regressou ontem de Paris. Chegou sorridente, o que nem é de estranhar, porque o sorriso já é uma das suas imagens de marca, mas chegou cansada. Não da viagem, porque a capital francesa não é tão longe quanto isso, mas da exigência de um dos mais conceituados torneios do Mundo. À sua espera, no Aeroporto de Lisboa, estavam duas colegas, da equipa do Benfica, que são bem mais do que isso, são duas grandes amigas: Ana Monteiro, que também é sua irmã, e Teresa Mirrado.

Para lhe dar aquele abraço que sabe tão bem e, claro, os parabéns por mais uma medalha, mais um desempenho brilhante. Em Paris, numa prova que reúne a nata do judo, Telma Monteiro voltou a provar por que razão é vice-campeã do Mundo e, actualmente, número um do ranking mundial, apesar de já se saber que não é por acaso: foi medalha de bronze, na categoria de -52 quilos. Ainda assim, o seu percurso na competição até era credor de algo mais. Senão, repare-se: a judoca portuguesa venceu categoricamente cinco combates, todos por ippon, e o único que perdeu, frente à campeã olímpica em título, Dongmei Xian, chinesa que, neste momento, é talvez a sua maior rival, perdeu-o pela... vantagem mínima.

Um desempenho que, obviamente, lhe reforça a confiança para aquele que é o grande objectivo do ano: os Jogos Olímpicos de Verão, que vão ter lugar em Pequim, na China. "Esse é o grande objectivo do ano e este torneio foi mais um bom teste, como vai ser o Europeu [de 11 a 13 de Abril, no Pavilhão Atlântico], para chegar lá na melhor forma possível. É evidente que preferia ter ganho, mas também é preciso não esquecer que este torneio de Paris é bastante prestigiante e fiquei motivada, até pela forma como consegui conquistar a medalha", explicou Telma Monteiro.

Aliás, quem sabe se, a perder, não foi bom ter sido frente à rival chinesa (que, na final do torneio de Paris, se superiorizou à argelina Soraya Haddad). É que assim, em Pequim, ainda mais longe de casa e na casa da... adversária, a judoca portuguesa pode vingar-se e já ficou a conhecê-la melhor. "Há sempre lições a tirar. Esse combate, embora tenha sido decidido pela margem mínima, acabou por ser importante, porque mostrou-me coisas que tenho de corrigir e foi frente a uma lutadora que também vai estar nos Jogos Olímpicos", admitiu a número um do Mundo.

Na comitiva da Luz ao lado do Pantera Negra
Telma Monteiro está em estado de graça, mas a fama tem um preço, que no caso da jovem judoca se chama... cansaço: ainda ontem chegou, de Paris, e já teve fazer outra mala, porque hoje vai viajar novamente, para Bruxelas. A actual número um do Mundo, que por muitos é considerada a melhor judoca portuguesa de sempre, vai participar, mais logo, ao final do dia, na inauguração de uma exposição, no Parlamento Europeu, sobre o Benfica, clube que representa desde o ano passado. Aliás, o resto da comitiva diz bem da relevância que Telma Monteiro já tem, hoje em dia: vão viajar para a capital da Bélgica o presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, mais um vice-presidente, Alcino António, e um assessor, Ricardo Maia, e... Eusébio. O nome da exposição - organizada pelos eurodeputados Ribeiro e Castro e Manuel dos Santos - é, curiosamente, "Mais de 100 anos de lenda"; ora, o Pantera Negra é uma lenda do futebol, Telma Monteiro para lá caminha, no judo. Ou para lá combate.

Fonte: O Jogo

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