O Campeonato Nacional sénior masculino de hóquei em campo esteve suspenso durante duas semanas, devido a vários incidentes, sobretudo agressões a equipas de arbitragem. A competição recomeçou e entra amanhã no play-off final, mas, na opinião do presidente da Federação, Pedro Sarmento, devia ter "parado definitivamente esta época", por serem "situações a mais" e para se "mostrar, não só às pessoas da modalidade, mas também à sociedade civil, que nem todos no hóquei estão disponíveis para continuar enquanto estes comportamentos se mantiverem".
O Nacional tem actualmente sete equipas - Lousada, União de Lamas, Viso, Ramaldense, Académica de Espinho, Futebol Benfica e Cascais -, mas nos anos mais recentes perdeu várias, como Belenenses, Alfândega da Fé, Casa Pia, Carris, Juventude de Lousada e Sport Clube do Porto. Mais grave ainda, começou a ser marcado por agressões. Na Federação, Pedro Sarmento acredita ser necessário parar para pensar. "O campeonato ficaria suspenso para as pessoas repensarem e colocarem os pés no chão. É preciso haver a consciência de que isto não é uma luta em que se justifica tudo para ganhar", diz.
O campeonato esteve parado após duas jornadas seguidas com agressões, que culminaram num jogo invulgarmente violento, o Viso-Lousada. As vítimas foram quase sempre os árbitros. Sarmento queria cancelar a prova, mas os seus colegas de direcção acharam melhor "dar mais uma oportunidade, para que cada um possa rever a sua posição, criando-se um novo espírito". Este não é, no entanto, o pior período do hóquei português. "Há 30 anos os jogos terminavam em cenas como estas. Mas havia um contexto social que o explicava", diz o presidente, lembrando que "a sociedade evoluiu para outros comportamentos e não faz sentido bater-se no árbitro só porque não se gosta da sua atitude, nem fazer esperas à porta dos estádios ou telefonemas a dizer que se vai matar a sua família". Foram problemas destes que levaram clubes a abandonar, por "não aceitarem o clima de agressividade".
Um presidente que gosta de ser treinador
O presidente da Federação Portuguesa de Hóquei, Pedro Sarmento, ficou triste com o que se passou, mas não põe de lado a hipótese de se recandidatar, em Julho. "Só tomarei uma decisão depois de as associações serem novamente eleitas". O presidente vai esperar para ver, mas lembra que para ser eleito é necessário votarem nele. "Obviamente não depende só de mim. Tenho de saber se as pessoas me querem", diz. Quantos à violência nos jogos, também recorda que "a maioria dos clubes tem pelo menos 75 anos, por isso quando um jogador se porta mal é o clube que sofre". E Sarmento faz bem a distinção, pois considera os clubes "a célula base da modalidade", à qual promete ficar sempre ligado, mesmo que não seja reeleito: "É disto que eu gosto e acho que ainda posso ser útil". A hipótese de voltar a treinar - foi jogador e técnico do União de Lamas - nunca a coloca de parte, podendo mesmo encarar um clube menor como opção.
Jorge Teixeira: "Não separam os factos"
Na opinião de um dos árbitros portugueses que ainda apita no campeonato sénior masculino, o problema reside no facto de os clubes não esquecerem os problemas - como erros de arbitragem - de jogo para jogo. "Não conseguem separar os jogos, vão sempre buscar os problemas anteriores", diz Jorge Teixeira. A isso junta-se o "cansaço dos árbitros, dirigentes e atletas", que são cada vez menos. "São sempre os mesmos a apitar, dirigir e jogar", lamenta, mostrando-se de acordo com o regresso da actividade no escalão sénior masculino.
Espinho apoia reflexão
O treinador da Académica de Espinho pensa que a paragem no campeonato "valeu a pena, para cada um reflectir", de forma a definir-se o que cada clube quer. Justino Pereira afirma que a partir de agora "é necessário que haja alterações, mas só na prática saberemos se esta pausa valeu a pena". Contudo, "não se perdeu nada por pensar, desde que fosse para o bem da modalidade".
Quanto ao calendário, diz que a "pausa não alterou muito", uma vez que o campeonato termina na mesma data prevista anteriormente.
Sinais positivos para o futuro
Apesar dos problemas, há quem trabalhe para o futuro do hóquei português. Em breve vai ser inaugurado um campo sintético em Alfândega da Fé e, provavelmente, outro em Mirandela. Em Lisboa há problemas e desapareceram várias equipas, mas a remodelação do sintético do Jamor melhorou as condições existentes. "Recebemos solicitações de equipas com nível elevado para virem conhecer o nosso campo de Lisboa", explicou Sarmento. Para o presidente, é necessária uma evolução, "principalmente a nível de dirigentes e treinadores". Pedro Sarmento lembra que o hóquei "não é só o escalão sénior masculino" e que "a federação aposta muito forte nos mais novos", dando um exemplo: "No próximo mês a selecção de sub-16 vai pela primeira vez ao Europeu, na Polónia".
Fonte: O Jogo 06/06/2008
O Nacional tem actualmente sete equipas - Lousada, União de Lamas, Viso, Ramaldense, Académica de Espinho, Futebol Benfica e Cascais -, mas nos anos mais recentes perdeu várias, como Belenenses, Alfândega da Fé, Casa Pia, Carris, Juventude de Lousada e Sport Clube do Porto. Mais grave ainda, começou a ser marcado por agressões. Na Federação, Pedro Sarmento acredita ser necessário parar para pensar. "O campeonato ficaria suspenso para as pessoas repensarem e colocarem os pés no chão. É preciso haver a consciência de que isto não é uma luta em que se justifica tudo para ganhar", diz.
O campeonato esteve parado após duas jornadas seguidas com agressões, que culminaram num jogo invulgarmente violento, o Viso-Lousada. As vítimas foram quase sempre os árbitros. Sarmento queria cancelar a prova, mas os seus colegas de direcção acharam melhor "dar mais uma oportunidade, para que cada um possa rever a sua posição, criando-se um novo espírito". Este não é, no entanto, o pior período do hóquei português. "Há 30 anos os jogos terminavam em cenas como estas. Mas havia um contexto social que o explicava", diz o presidente, lembrando que "a sociedade evoluiu para outros comportamentos e não faz sentido bater-se no árbitro só porque não se gosta da sua atitude, nem fazer esperas à porta dos estádios ou telefonemas a dizer que se vai matar a sua família". Foram problemas destes que levaram clubes a abandonar, por "não aceitarem o clima de agressividade".
Um presidente que gosta de ser treinador
O presidente da Federação Portuguesa de Hóquei, Pedro Sarmento, ficou triste com o que se passou, mas não põe de lado a hipótese de se recandidatar, em Julho. "Só tomarei uma decisão depois de as associações serem novamente eleitas". O presidente vai esperar para ver, mas lembra que para ser eleito é necessário votarem nele. "Obviamente não depende só de mim. Tenho de saber se as pessoas me querem", diz. Quantos à violência nos jogos, também recorda que "a maioria dos clubes tem pelo menos 75 anos, por isso quando um jogador se porta mal é o clube que sofre". E Sarmento faz bem a distinção, pois considera os clubes "a célula base da modalidade", à qual promete ficar sempre ligado, mesmo que não seja reeleito: "É disto que eu gosto e acho que ainda posso ser útil". A hipótese de voltar a treinar - foi jogador e técnico do União de Lamas - nunca a coloca de parte, podendo mesmo encarar um clube menor como opção.
Jorge Teixeira: "Não separam os factos"
Na opinião de um dos árbitros portugueses que ainda apita no campeonato sénior masculino, o problema reside no facto de os clubes não esquecerem os problemas - como erros de arbitragem - de jogo para jogo. "Não conseguem separar os jogos, vão sempre buscar os problemas anteriores", diz Jorge Teixeira. A isso junta-se o "cansaço dos árbitros, dirigentes e atletas", que são cada vez menos. "São sempre os mesmos a apitar, dirigir e jogar", lamenta, mostrando-se de acordo com o regresso da actividade no escalão sénior masculino.
Espinho apoia reflexão
O treinador da Académica de Espinho pensa que a paragem no campeonato "valeu a pena, para cada um reflectir", de forma a definir-se o que cada clube quer. Justino Pereira afirma que a partir de agora "é necessário que haja alterações, mas só na prática saberemos se esta pausa valeu a pena". Contudo, "não se perdeu nada por pensar, desde que fosse para o bem da modalidade".
Quanto ao calendário, diz que a "pausa não alterou muito", uma vez que o campeonato termina na mesma data prevista anteriormente.
Sinais positivos para o futuro
Apesar dos problemas, há quem trabalhe para o futuro do hóquei português. Em breve vai ser inaugurado um campo sintético em Alfândega da Fé e, provavelmente, outro em Mirandela. Em Lisboa há problemas e desapareceram várias equipas, mas a remodelação do sintético do Jamor melhorou as condições existentes. "Recebemos solicitações de equipas com nível elevado para virem conhecer o nosso campo de Lisboa", explicou Sarmento. Para o presidente, é necessária uma evolução, "principalmente a nível de dirigentes e treinadores". Pedro Sarmento lembra que o hóquei "não é só o escalão sénior masculino" e que "a federação aposta muito forte nos mais novos", dando um exemplo: "No próximo mês a selecção de sub-16 vai pela primeira vez ao Europeu, na Polónia".
Fonte: O Jogo 06/06/2008