Um dia dedicado ao desporto para deficientes, um dia dedicado a mudar mentalidades, a desmistificar o desporto paralímpico, a homenagear homens e mulheres que todos os dias superam as suas limitações e que ao longo dos anos tantas medalhas têm conquistado para Portugal: foi assim o Dia do Paralímpico.
Voleibol sentado, ténis de mesa, vela adaptada, basquetebol em cadeira de rodas, futebol de cinco para cegos, atletismo, equitação, natação, boccia e goalball (estas duas modalidades especificamente paralímpicas) estiveram entre as 10h e as 19h à disposição de todos os que as quiseram experimentar. E foram muitos. A música juntou-se à festa e até foi possível ver Lili Caneças a jogar basquetebol em cadeira de rodas.
"Acho que esta iniciativa teve desde o primeiro minuto um sucesso imediato. Foi giro ver a surpresa das pessoas que só depois de experimentarem colocar-se na pele de um atleta com deficiência, seja jogando futebol com os olhos vendados ou basquetebol sentados, por exemplo, tiveram a noção do difícil que isso é", refere Bernardo Capucho, da organização do evento. Sensibilizar foi mesmo a palavra de ordem.
E isso foi conseguido, pelo menos Humberto Santos, presidente da Federação Portuguesa de Desporto para Deficientes (FPDD), acredita que sim. "Este Dia foi fundamental para desmistificar o que é o desporto para deficientes. Há um grande desconhecimento, mesmo dos próprios agentes desportivos deste tipo de desporto, o que se traduz numa perda da vivência desportiva", salienta o responsável federativo.
Um desconhecimento confirmado por Susana Barroso, a atleta portuguesa de natação com maior número de medalhas de sempre e, que recentemente trocou a natação pelo boccia. "Quando comecei em 1991 desconhecia a existência dos Jogos Paralímpicos, por exemplo.
Este dia é importante para dar a conhecer às pessoas o que fazemos e para trazer novos atletas para as modalidades", refere Susana, que no currículo tem quatro participações em Jogos Paralímpicos. O facto do público ter a oportunidade de se colocar na pele de um atleta com deficiência é, por sua vez, salientado por Leila Marques, como uma mais valia deste Dia do Paralímpico. "É uma forma das pessoas perceberem as reais dificuldades dos atletas." Já quanto à experiência de estar nos Jogos, onde já participou por três vezes enquanto nadadora, Leila considera que essa é uma experiência que só pode ser explicada por quem nela participa. "Todas as edições são diferentes. Mas em todas há emoções à flor da pele, muito stress, muita alegria e amizade", assegura.
Também António Capucho, presidente da Câmara Municipal de Cascais, se mostrou satisfeito com esta grande festa do desporto paralímpico, salientando a importância que a edilidade sempre atribuiu ao desporto para deficientes. "O nosso apoio a esta causa não é de hoje.
Estamos muito satisfeitos por receber este Dia do Paralímpico. E, em conjunto com a federação e o governo, já demonstrámos a nossa disponibilidade para albergar a sede da federação e, principalmente, um centro de estágio para paralímpicos", frisou o edil.
"Estamos no desporto paralímpico há muitos anos e queremos continuar. Este dia nasceu de um trabalho de seis anos para perceber o que é o desporto para deficientes, um trabalho que nos permitiu perceber que somos uma potência do desporto paralímpico", referiu por sua vez Carlos Sereno, membro do Comité da Direcção da Allianz Portugal, patrocinadora do evento.
O Dia do Paralímpico foi uma iniciativa desenvolvida em colaboração com a Federação Portuguesa de Desporto para Deficientes (FPDD), com o patrocínio exclusivo da Companhia de Seguros Allianz Portugal - e o apoio da Câmara Municipal de Cascais.
Algumas entidades de e para pessoas portadoras de deficiência marcaram igualmente presença neste evento, que contou com a Instituto Nacional para a Reabilitação, Instituto do Desporto de Portugal, Confederação do Desporto de Portugal, Fundação do Desporto e Turismo do Estoril como parceiros institucionais.
Fonte: Infordesporto 30/06/2008