CONFEDERAÇÃO DO DESPORTO DE PORTUGAL
Quase um mês após a investida policial à sede do clube e ao domicílio dos ciclistas portugueses da LA-MSS e do director-desportivo Manuel Zeferino, durante a qual terão sido apreendidos produtos dopantes, o caso que mais fortemente vinculou a dopagem ao ciclismo em Portugal, permanece sem resolução à vista, mergulhado na ausência de novos elementos da investigação da PJ, com o apoio do CNAD.

Ontem, na sede da Federação Portuguesa de Ciclismo, a equipa, representada por Manuel Zeferino e pelos seus patrocinadores, Luís Almeida (LA), Joaquim Silva Santos (MSS) e Aires Pereira (Póvoa de Varzim) esteve presente num encontro com a direcção do qual resultou a garantia de reactivação do seguro desportivo, entretanto suspenso após as primeiras inquirições da PJ. Esse era, até ontem, o elemento em falta e que, na prática, poderá permitir o regresso à competição da equipa.

"Foi uma reunião que serviu essencialmente para transmitir à equipa que não temos ainda conhecimento oficial de qualquer resultado do CNAD e da PJ. Foi discutida a questão do novo seguro e enviado à UCI a nova documentação. A equipa pode, em príncipio, increver-se nas corridas, mas a ausência de novos dados não altera a posição da Comissão de Estrada [apelo aos organizadores para a não inclusão da equipa no decorrer das investigações]", resumiu Artur Lopes, presidente da FPC.

O regresso à competição da formação poveira pode, contudo, afigurar-se mais complicado caso os organizadores continuem a preterir a equipa de Manuel Zeferino nas suas corridas.

Participação aberta em Paredes
"Qualquer atleta com licença válida no seu escalão pode e deve disputar os Campeonatos Nacionais", recordou Artur Lopes, avalizando a teoria do carácter excepcional dos campeonatos, não sujeitos a convite endereçado às equipas. Assim, sem mais novidades, todos os ciclistas portugueses da LA-MSS poderão competir nos Nacionais de estrada e contra-relógio de Paredes, entre 28 e 30 de Junho. A participação dos atletas nos Campeonatos Nacionais ocorrerá mais de um mês após a última prova, o GP Paredes, prova na qual a equipa poveira terminou com os primeiros três lugares e a vitória em duas de quatro etapas. Por sua vez, com a regularização do seguro, os atletas espanhóis poderão igualmente disputar o respectivo título no país vizinho.

Cronologia
19 de Dezembro 07
Artur Lopes, presidente da UVP-FPC denuncia, em entrevista, a existência de uma investigação policial em curso relativa ao tráfico de dopantes no ciclismo. O dirigente refere os valores sanguíneos anómalos de parte do pelotão português. Por sua vez, Luís Horta, responsável pelo CNAD destaca a colaboração com a estrutura federativa no desenvolvimento de um "passaporte biológico" português.

4 de Maio 08
O "Acordo Comum " no ciclismo, um instrumento de luta antidopagem, que previa a criação de um historial sanguíneo dos ciclistas profissionais, terminou de forma abrupta com a cessação do financiamento do IDP, após auscultação do CNAD que, por sua vez, contestou a pouca colaboração da Associação de Ciclistas num projecto no qual seria a parte mais interessada.
11 de Maio 08 Morte de Bruno Neves, ciclista da LA-MSS, em competição na Clássica de Amarante. A autópsia desmente falecimento provocado por traumatismo e evoca "morte natural" por paragem cardíaca.

19 de Maio 08
Numa operação policial sem precedentes, a PJ efectua buscas domiciliárias à sede da LA-MSS, assim como aos domicílios dos corredores portugueses da equipa e do director-desportivo, Manuel Zeferino. No dia seguinte, a PJ anuncia a apreensão de produtos e utensílios para práticas alegadamente dopantes. São ainda efectuados testes antidoping aos atletas. A Câmara Municipal da Póvoa de Varzim anuncia a rescisão do contrato de publicidade, assim como são denunciados os contratos das firmas LA (Aluminios) e MSS (construtora).

23 de Maio 08
A Federação Portuguesa de Ciclismo (FPC) solicita, em comunicado, aos organizadores de provas que não aceitem a inscrição da equipa LA-MSS enquanto decorrerem as investigações da Polícia Judiciária (PJ) e Conselho Nacional Antidopagem (CNAD).

25 de Maio 08
A equipa encontra-se com actividade suspensa, falhando a participação na Volta a Trás-os-Montes. A companhia seguradora, Liberty Seguros, rescinde o seguro de trabalho obrigatório invalidando a participação da equipa em provas desportivas.

16 de Junho
Quase um mês depois, a UVP-FPC não recebeu qualquer notificação oficial da PJ ou do CNAD que confirme ou desminta a apreensão de produtos dopantes. Por sua vez, a direcção do Póvoa Cycling Club, estrutura que alberga a equipa ainda não se pronunciou oficialmente sobre o caso.

Fonte: O Jogo 17/06/2008

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