CONFEDERAÇÃO DO DESPORTO DE PORTUGAL
Ao contrário do que diz o ditado, na Taça do Mundo do Porto veio a tempestade depois da bonança. Ou seja, no que aos portugueses respeita, a um dia em cheio, com cinco a qualificarem-se para a pré-qualificação, sucedeu uma jornada negra, em que apenas "sobreviveu" João Ferreira, que assim se junta a Rui Manuel no último quadro de apuramento para o grupo dos 32 melhores.

Mas João não é um sobrevivente qualquer. Se anteontem surpreendeu por garantir a vitória no seu grupo, aos 14 anos, perante adversários mais velhos e experientes, ontem não se limitou a repetir a proeza, acrescentou-lhe uma pitada de classe ao ganhar com uma das melhores médias gerais (1,111) do dia. Entre os apurados teve mesmo o segundo melhor desempenho, quando outros jogadores conseguiram uma melhor média graças a um jogo de grande nível, mas acabaram pelo caminho.

Pelo caminho ficaram também Manuel Rio, Manuel Costa, Paulo Andrade, Emanuel Luís, Jorge Bastos, Miguel Santos, Jorge Neto, Alípio Jorge, Fernando Tomás, Francisco Rodrigues, Mário Aranha, António Figueiredo, Américo Rui e Pereira Carvalho.

As tarefas de João Ferreira e Rui Manuel serão hoje muito difíceis. As entradas directas no melhor quadro foram limitadas e deixaram de fora muitos jogadores do "top 30" mundial, que vão estar hoje na qualificação, além de vários jovens bilharistas com um nível de jogo muito elevado, sem correspondência quer nos respectivos lugares na hierarquia mundial, quer na obrigatoriedade de disputarem fases embrionárias das qualificações.

É por todas estas razões que já hoje vai ser possível ver, no Centro de Desportos e Congressos de Matosinhos, jogadores como Filipos Kasidokostas (número 12), Peter de Backer (13), Jerémy Bury (20), Eddy Leppens (22), Javier Palazon (26), Jozef Philipoom (33) ou Ruben Legazpi (45). Um quadro que deixa pouco espaço a surpresas, mas não deixa de ser possível sonhar em ver mais um jogador português juntar-se a Vasco Gomes (campeão nacional) e Santos Oliveira ("wild card") no melhor quadro.

Jogadores jovens em destaque
A dupla qualificação de João Ferreira (14 anos) diz mais a Portugal por se tratar de um jogador da casa, mas há muitos outros bilharistas dos mais jovens do circuito mundial a participar nestas provas e a chegar cada vez mais longe. A jornada de ontem forneceu alguns exemplos, como o do coreano Kim Haong Jik (16 anos), campeão mundial de juniores, que ganhou o seu grupo de qualificação, do espanhol Antonio Ortiz (19), campeão europeu, ou do belga Peter Ceulemans, neto de Raymond e filho de Kurt, jogadores de topo.

Curiosidades
Prémios
O bilhar carambola não é uma modalidade que movimente milhões, como até já acontece com o pool. O vencedor desta etapa da Taça do Mundo vai ganhar cinco mil euros e o finalista derrotado três mil. Os dois terceiros embolsam cada um 1800 euros, e 1250 é a verba destinada aos classificados entre o quinto e o oitavo lugar. Uma posição entre o nono e o 16.º vale 850 euros, e a presença no quadro, para os restantes, garante 600 euros.

Material
A ligação do FC Porto aos bilhares Carrinho é antiga, e esta Taça do Mundo não foge à regra. São sete as mesas colocadas no Centro de Desportos de Matosinhos, também, como habitualmente, cobertas com panos belgas da Simonis. As bolas são do único fabricante mundial, a Aramith.

Dirigentes
Estão no Porto os mais altos dirigentes internacionais do bilhar. Jean-Claude Dupont, presidente da União Mundial, Frans Tusveld, delegado da Confederação Europeia, Farouk Barki, director-técnico da UMB e, claro, Alípio Jorge, rosto desta organização, mas também ele vice-presidente da UMB.

Os favoritos
Torbjorn Blomdahl
Sueco, mas pouco
Em forma, é praticamente imbatível. Há bilhar antes e depois de Ceulemans, mas também antes e depois de Blomdahl, um sueco mais explosivo do que frio.

Fredéric Caudron
Jogador universal
É dos melhores do Mundo na carambola, mas também em várias outras das modalidades do bilhar. É um jogador calculista, que raramente comete um erro grave.

Daniel Sanchez
Um lugar na história
Ganhou pela primeira vez uma Taça do Mundo no Porto, em 1994, com 20 anos. Jogador genial, já venceu tudo e vai vencer muito mais. Figura deste século no bilhar.

Dick Jaspers
Paciência sem limites
Terá sido um dos jogadores que levou à criação da regra de limitação de tempo por jogada... Lê exaustivamente o jogo e é dos que mais atacam sempre a defender.

Fonte: O Jogo 03/07/2008