CONFEDERAÇÃO DO DESPORTO DE PORTUGAL
O triunfo e o registo (2h26m03s) conseguidos na Maratona de Sevilha colocaram Marisa Barros no topo das melhores portuguesas de sempre, só ultrapassada por Rosa Mota e Manuela Machado. Mesmo tendo 17 anos de atletismo, ela continua deslumbrada e numa fase de paixão pela maratona.

Podemos dizer que fez quase toda a carreira tendo de trabalhar para poder correr?

Pois foi... O subsídio do Braga era pequeno. Como nas provas não ganhava muito, tinha de fazer esses trabalhos todos. Já era casada e independente. Mas achava que não estava bem e queria mudar de vida. Em 2006 tentei tirar um curso, mas continuei com as mesmas tarefas… Mesmo assim, às terças e às quintas, das 20 às 22 horas, fui tirar um curso de shiatsu. Era muita actividade!

Então nunca apostou a sério no atletismo?...
Só quando comecei a treinar com o António Ascensão, no início de 2007. Mas não foi fácil mudar e só em Agosto é que treinei a sério, para a Maratona do Porto, que era em Outubro. Tive uma vida muito atribulada e só o António Ascensão me convenceu a apostar no atletismo a tempo inteiro. Disse que não me arrependeria. Era esse desafio que me faltava. Tinha uma treinadora que não apostava em mim. Ela nunca me apoiou... e sozinha também não o poderia fazer.

Foi por isso que terminou a ligação com Sameiro Araújo?
A ruptura deu-se porque eu acreditava que podia ser seleccionada para um Europeu de crosse e percebi que a treinadora não acreditava em mim...
"Ria-me muito quando me falavam em Pequim"

Quando surgiu a ideia de correr uma maratona?
Em Janeiro de 2007 comecei a fazer bons resultados na meia-maratona. Em Fevereiro, na brincadeira, o Ascensão já me falava nos Jogos Olímpicos. Achava aquilo irreal. Nunca tinha ido a uma prova internacional de crosse, quanto mais os Jogos Olímpicos. Ria-me muito… Pensava que estava a brincar comigo. Em Março começou a falar mais a sério. Até tenho uma mensagem no telemóvel em que ele diz: "Isto é tudo muito bonito, mas ainda vamos viver momentos inesquecíveis até Pequim." Curioso é que nunca me dizia em que prova. Sempre pensei que fosse nos 3000 obstáculos.

Mas Pequim não correu bem...
Foi atribulado. A preparação não foi tão tranquila como pretendia. Havia aqueles fantasmas do clima… comecei a ficar aterrorizada. Ainda por cima, era o meu primeiro grande campeonato. Queria ter viajado para Pequim mais cedo, foi tudo em cima do joelho...

Então Sevilha foi a mais bem preparada das três que fez?
Sem dúvida. Sevilha já foi o tipo de preparação que quase não se sente.

Fonte: O Jogo 02/04/2009