CONFEDERAÇÃO DO DESPORTO DE PORTUGAL
Está longe do glamour do All Star ao estilo NBA, mas à escala lusitana, lá no fundo, mesmo sem Kobe Bryant e com outras estrelas, made in Portugal, acaba por ser um momento especial. Os mais pequenos atacam os seus ídolos de caneta em punho, ávidos por autógrafos, porque sonham ser como eles.

No Jogo das Estrelas, ganho pelo Norte, descobriram Wilson Davyes e nunca mais largaram o jogador de 20 anos que este ano chegou ao FCPorto, oriundo do Sporting, onde esteve seis anos a percorrer as camadas jovens leoninas.

À primeira vista, Wilson parece familiar e é num segundo olhar, mais atento, que todos percebem: é igual a Jackson Richardson, a estrela já reformada do andebol francês. "O look não é coincidência.

Ele era o meu ídolo de infância. Já não joga. Agora está ligado ao ramo imobiliário, mas um dos meus sonhos, e tenho muitos, é ser um jogador com a vontade de Richardson e um bocadinho do carisma de Michal Jordan", confidenciou Wilson Davyes, um rapaz eloquente, diferente dos da sua idade.

As origens guineenses, terra onde vive a mãe, actualmente funcionária das Nações Unidas, trazem-no ligado a África e às carências do continente negro. Por isso, a paixão pelo desporto confunde-se com o interesse pela política: "África é um espanto e é triste a forma como os líderes exploram o povo.

Tenho a certeza que se África tivesse metade das condições da Europa, eu estaria lá. Mas eu sou dos que acreditam na mudança. Segui o fenómeno Obama de perto. Acredito que ele pode mudar coisas".

Viciado em livros - a leitura do momento é "Livro da ignorância geral" - e em música - Bob Marley é o cantor predilecto - Wilson insiste na conclusão do 12º ano, depois de ter suspenso os estudos na passagem pelo Covadonga (Espanha não lhe deu equivalência), enquanto se adapta a uma nova cidade, à Invicta.

"Quando o FC Porto me convidou, questionei-me se conseguiria fazer a diferença numa equipa tão grande, mas vim sem medo", assegurou o jogador que um dia experimentou andebol "por influência de um amigo".

"Achei que era boa ideia para ocupar os tempos livres, acabei por levar a sério e ficava chateado porque no início nunca jogava, mas depois ganhei um lugar nos infantis [risos]. A minha mãe é que não via com bons olhos. Vinha com a lengalenga dos estudos. E com razão", recordou. Ainda era criança quando assistiu ao divórcio dos pais e foi com a mãe que chegou a viver em Macau, onde fez a instrução primária. "Tive a oportunidade de aprender inglês e de conhecer um sítio diferente. Só não tive tempo de aprender chinês que é complicado".

Ontem, Wilson Davyes foi o último a deixar o campo. Perseguido pelos pequenos fãs, que, de forma espontânea, o elegeram uma das novas estrelas entre as estrelas. Inteligente ele é, carismático como Jordan pode ser apenas uma questão de tempo.

Fonte: O Jogo 22/12/2008

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