O dia 11 de Abril foi o dia pelo qual toda a delegação ansiava que chegasse. A delegação estava confiante, contente e expectante por finalmente competir, depois de tanto tempo de preparação para a prova.
A primeira prova teve lugar às 13:00, com a corrida feminina. As atletas cedo mostraram estar em forma e assumiram algum destaque na competição. Sara Moreira depressa chegou à frente da corrida, lugar que não mais largou até à meta, sempre seguida das atletas da Grã-Bretanha e da Austrália. A partir da 2ª volta Sara destaca-se das restantes adversárias, cortando a meta isolada com 12’ de avanço das 2 atletas britânicas que a acompanharam no pódio.
Portugal tinha ainda mais argumentos e um objectivo: lutar pela classificação colectiva. Carla Salomé Rocha esteve muito forte durante toda a prova. Manteve-se muito tempo entre as 10 primeiras, mas finalizou em 12º lugar. Sara Catarina Ribeiro e Filomena Costa seguiram sempre perto uma da outra, acabando em 21º e 25º lugar respectivamente. Sónia Fernandes, também estreante nestas provas, acabou pouco depois das colegas, em 30º lugar, entre cerca de 60 atletas. Estes resultados individuais contribuíram para uma boa prestação colectiva, ficando em 4º lugar com 34 pontos, a apenas 1 ponto do 3º lugar, sorrindo a vitória à Grã-Bretanha.
Sara Moreira, consegue assim ganhar mais um título de Campeã do Mundo Universitária, depois dos dois títulos em Julho passado nas Universíadas de Belgrado 2009, nos 5000m e 3000m obstáculos.
Por fim, às 14:00, teve lugar a corrida masculina. Começou bem para os atletas portugueses, que cedo se colocaram na discussão de lugares na corrida. Sérgio Silva, habituado ao duatlo e triatlo, teve a sua estreia numa prova internacional de corta-mato acabando por ser o melhor português em 19º lugar.
Paulo Lopes e Paulo Pinheiro correram lado a lado durante grande parte da prova. Paulo Lopes ganhou uns lugares, acabando em 35º e Paulo Pinheiro em 40º lugar. Hélio Fumo desistiu à 2ª volta com problemas de respiração, mas sem causar grandes preocupações. O objectivo de atingir a primeira metade da tabela na classificação colectiva não foi possível, ao terminarem apenas 3 atletas masculinos.
Em jeito de balanço foi uma excelente prestação dos atletas portugueses. Com poucas referências dos atletas de outros países que estavam aqui presentes, num dia de sol, com algum vento e num piso duro, conseguiram resultados de relevo no corta-mato nacional e internacional.
Para encerrar este Campeonato do Mundo Universitário, teve lugar a Cerimónia de Encerramento. Marcada como habitualmente pela boa disposição de todos os participantes, foi um momento importante de descompressão e de troca de experiências e impressões com os colegas estudantes do resto do Mundo.
Devido a não estar ainda atribuida da organização do 18º Campeonato do Mundo Universitário de Corta-mato em 2012, não existiu a cerimónia de passagem de testemunho da bandeira, ficando os representantes da FISU na posse dela até à atribuição da organização.
Dia 12 de Abril, é o último dia no Canadá. A delegação tem o seu voo de regresso à Europa às 18:45 locais, chegando a Lisboa, já 3ª feira, dia 13, pelas 11:25.
Entrevista a Sara Moreira
Sara Moreira, pela 4ª vez consecutiva participa num evento internacional Universitário e está em grande forma. A participação no Mundial Universitário de Corta-Mato era um objectivo desde o início da época, que conforme o decorrer da mesma foi concretizado.
Depois das Universíadas de Banguecoque em 2007, do Campeonato do Mundo Universitário de Corta-mato na França em 2008, onde foi 5ª, e das Universíadas de Belgrado em 2009 onde conquistou duas medalhas de ouro em pista (3000 metros obstáculos e 5000 metros), consegue novamente o destaque de Ouro. Com o tempo de 16,29 minutos, ficando 12 segundos à frente da britânica Jessica Park e 19 segundos de Joanne Harvey, também da Grã-Bretanha.
“Estava a atravessar um bom momento, depois do Europeu de Cross e do Mundial sentia que poderia atingir um bom resultado”, afirma a atleta.
Apesar de cada vez mais a atingir melhores resultados, não esquece que este é um evento com um cariz especial. Ao representar Portugal, a FADU, a Federação Portuguesa Atletismo e o Instituto Politécnico do Porto, “tinha também o interesse de vir com as minhas colegas e lutarmos pela classificação colectiva”.
Quanto à prova, Sara conta que não foi fácil. As adversárias que ficaram em 2º, 3º e 4º são atletas conhecidas. Contudo, a atleta sente-se mais experiente e mais forte. “Consegui chegar a esta altura num bom momento de forma, perto do meu máximo”, refere. Ao coleccionar mais uma Medalha de Ouro, mais um título de Campeã do Mundo, é o 3º título em menos de 1 ano. Sem dúvida, representa “ o afirmar das minhas capacidades neste tipo de provas”, diz Sara.
Sendo esta uma prova universitária, estar rodeada de “colegas de profissão”, de estudantes, tem um gosto diferente. “É um bom momento para trocar experiências, um ambiente de competição mais relaxado, muito diferente de outro tipo de provas onde o cariz competitivo é muito grande”, conta. Embora haja na mesma muitos objectivos em jogo, comenta que se consegue viver um ambiente mais académico. Os próprios colegas de equipa são todos universitários, que já conhece de outras provas de atletismo.
Ao chegar a um nível comprovado de alta competição, tem sido realmente difícil conciliar os estudos com o atletismo. A exigência dos treinos, das competições, das viagens, não torna possível estar normalmente nas aulas.
De uma forma geral repara que já existe algum apoio para os atletas universitários. No entanto ainda falta um apoio mais forte no seu percurso académico: apoio tutorial, sensibilização dos professores, flexibilidade na marcação de exames e entregas de trabalhos.
Tem visto melhorias, mas “é preciso mais para podermos realmente encarar esta etapa da vida com estas duas profissões que tanto se gosta e se quer, estudar e ser desportista de alta competição”.
Fonte: FADU 12/04/2010