O número de casos de doping registados em Portugal em 2004 atingiu quase o dobro dos verificados em 2003, passando de 32 para 62, dos quais 13 no ciclismo, revelou ontem (20 de Janeiro), o Conselho Nacional Antidopagem (CNAD).
De acordo com os números divulgados pelo CNAD, referentes a 2004, foram registados 62 casos, em 19 modalidades desportivas, contra os 32 confirmados em 2003, em 11 modalidades, o que representa um aumento de 93,8 por cento.
Dos 62 resultados positivos, sete pertencem a desportistas estrangeiros.
Estes resultados estão suportados por um universo de 3.022 análises, das quais 530 realizadas fora da competição, efectuadas a atletas em 52 modalidades. O futebol foi a modalidade mais controlada com 1.165 amostras.
De entre os casos positivos detectados, o maior número verificou-se no ciclismo (13), seguido pelo futebol (11) e pelo automobilismo (8).
Em relação às amostras recolhidas o ano transacto, 124 foram no Euro2004, 134 na fase de preparação olímpica dos atletas portugueses e 38 na paralímpica.
O aumento dos casos positivos foi considerado "preocupante", tanto pelo secretário de Estado do Desporto, Hermínio Loureiro, como pelo presidente do CNAD, José Manuel Constantino, durante a apresentação feita em 20 de Janeiro à comunicação social sobre o trabalho realizado pelo Conselho.
Como eventuais causas do incremento de casos positivos no desporto, o CNAD sublinha a detecção de glucocorticosteróides a partir de 2004, o aumento do consumo de drogas sociais, nomeadamente canabinóides, crescimento do número de modalidades com resultados positivos e o acréscimo da utilização de estimulantes.
Na apresentação dos resultados, de realçar a descida do número de notificações médicas apresentadas pelos desportistas, de 802 para 404, muito por culpa do afastamento dos analgésicos locais da lista de substâncias dopantes.
As doenças que estão na base do maior número de notificações são a asma, rinite e lesão tendinosa.
O ciclismo foi a modalidade desportiva que mais casos positivos apresentou (31), que foram "justificados" por notificação médica.
Hermínio Loureiro considerou "preocupantes" os números de casos positivos apresentados, mas justificou-os com a eficácia e o rigor do Laboratório de Análises Antidopagem (LAB).
"Os números são preocupantes, mas demonstram também o trabalho rigoroso e mais apertado por parte do LAB e por isso mesmo foram detectados tantos casos positivos", afirmou Hermínio Loureiro.
Continuando a insistir na frase "doping, tolerância zero", o governante apontou como caminho a seguir a aposta forte na área da prevenção e da informação.
Fonte: Lusa