Carlos Paula Cardoso, Presidente da Confederação do Desporto de Portugal
"O mecenato desportivo está moribundo"
P | É preocupante a asfixia financeira de alguns clubes, que já levou ao desaparecimento de clubes e equipas?
R | Há muitas promessas na elaboração de contratos sem que sejam acauteladas devidamente as verbas necessárias e é importante ser-se criterioso no planeamento das épocas desportivas. A crise financeira, genericamente, tem também implicações ao nível dos 'sponsors'. Os clubes mais pequenos não vivem à custa dos sócios, mas de patrocínios, e não há mecenas, porque o mecenato desportivo está moribundo. É, logicamente, uma situação preocupante, mas espero que se trate de questões pontuais.
"Actual Lei de Bases não serve"
P | O Governo anunciou que vai mudar a Lei de Bases. O que deve ser alterado?
R | A actual Lei de Bases não serve. Foi aprovada nos gabinetes sem qualquer participação do movimento associativo. Foi uma lei imposta sem ser discutida. Encerra muitos problemas. A lei de 1991 foi criada à imagem dos problemas do futebol profissional e a actual não conseguiu alterar essas questões. É necessário um apoio efectivo à prática desportiva, uma lei de mecenato em condições, e alterar o mecanismo da dependência do Orçamento Geral do Estado.
"Por vezes é preferível ser-se amador"
P | Na actual conjuntura económica, as ligas profissionais têm viabilidade?
R | Somos um país com um tecido empresarial curto. Ao falar de desporto não-profissional, é possível encontrar pequenos patrocinadores, mas em termos profissionais os apoios têm de ser a sério e não abundam. Temos uma série de ligas e a dimensão do país não permite que os apoios cheguem para todas as modalidades. Por vezes, é preferível ser-se amador mas com subsídios a tempo e horas do que profissional e com dificuldades.
Fonte - Jornal O Jogo