O regresso da rubrica “CDP Entrevista…”, promovida pela Confederação do Desporto de Portugal, teve lugar ontem para mais uma edição onde reuniu vários treinadores para discutir o sucesso desportivo.
Entre os convidados estiveram Hélio Lucas (Canoagem), Jorge Braz (Futsal), Jorge Pichardo Fundora (Atletismo), Lourenço França (Ginástica) e Pedro Soares (Judo), moderados pelo presidente da Confederação de Treinadores de Portugal, Pedro Sequeira.
Para dar início ao debate, Jorge Braz, o vencedor do prémio Treinador do Ano na 25ª Gala do Desporto, confirmou “o privilégio” que sentiu por “estar entre pares e entre pessoas que são referências desportivas nacionais”, aquando das nomeações para os prémios Desportistas do Ano, sentimento esse que se mantém até hoje.
De seguida, Lourenço França, treinador de ginástica, partilhou a felicidade que sentiu ao ser nomeado enquanto treinador de uma modalidade não olímpica e brincou, que apenas se deu conta na Gala do Desporto de que era “o único treinador destes cinco, que treina atletas amadores”.
Na sua intervenção, Pedro Soares, treinador de judo, sublinha que já foi o segundo ano que foi nomeado para este prémio, e embora não tenha vencido, refere que a sua “maior satisfação é mesmo estar entre os melhores treinadores do país”.
O treinador de Canoagem, Hélio Lucas refere que estas distinções surgem em função “do resultado das modalidades e fruto do nosso trabalho” e acrescenta que a Gala do Desporto é “a única gala que põe as modalidades todas e reconhece o trabalho de todos os treinadores e de todas as modalidades”.
Jorge Pichardo Fundora, pai e treinador de Pedro Pichardo, afirma que, “depois de trabalhar em Cuba com atletas de alto rendimento, nem sequer cheguei a ser nomeado como o melhor treinador de Cuba e chegar aqui, e ser nomeado é um grande orgulho”.
Pedro Sequeira reforçou o facto de as nomeações surgirem por parte das próprias federações e este facto deixou Lourenço França “ainda mais feliz”.
Quando questionados sobre a forma como gerem o seu tempo de treino com os atletas, Lourenço França afirma de imediato que “o meu tempo de treino tem de ser conciliado com o tempo de treino dos meus ginastas”. O facto de ter ajustado os seus treinos para o período antes da escola e depois a escola, o treinador revelou ter sentido “uma melhoria enorme na qualidade do trabalho deles”, ainda que “com sacrífico deles, da família deles, da minha”.
Hélio Lucas assinala algumas dificuldades que vai sentindo com os seus atletas, mas assume que tem de existir algum sacrifício pessoal e até financeiro para se alcançar bons resultados, mas que “à boa maneira portuguesa, ultrapassar o problema e resolver e desenrascarmo-nos para que, acima de tudo, continuemos a ter atletas competitivos e com resultados de excelência, algo que temos feito ao longo dos anos”.
Pedro Soares salienta que “a minha vida particular é orientada e gerida em função do treino”, algo que considera “ser transversal a todos os treinadores presentes”, assumindo que esta é uma das “vicissitudes de quem está no alto rendimento”, mas assegura que “sempre que temos atletas dispostos a esse sacrifício, nós estamos lá”.
Jorge Braz reforça ainda a questão do sacrifício dos atletas em prol de bons resultados, “ou se dedicam muito ou então é muito difícil atingirmos os níveis que queremos”.
Quando Pedro Sequeira convidou os presentes a enviar uma palavra a todos os treinadores que os escutavam, Pedro Soares ressalvou a importância que o desporto tem na vida dos mais jovens, uma vez que “acaba por padronizar os jovens, saber que tem de seguir determinado método para atingir determinado fim e o desporto é muitas vezes o melhor veículo para poder ensinar os miúdos a ser bons alunos”. “Um treinador quando está a exercer a sua profissão tem uma missão enorme: em termos educativos, sociais, pedagógicos e, portanto, a minha palavra é: exerçam-na com a maior transparência, nobreza e assumam-na com as suas capacidades ao máximo”, acrescentou.
Jorge Pichardo complementou a intervenção anterior e revela que “o objetivo fundamental de um treinador é educar, ensinar e formar a nova geração, tanto no processo desportivo como formá-lo como pessoa”, mas alerta para que “nunca se esqueçam que a tarefa fundamental de um treinador é ser pai, irmão, amigo, filho de todo o atleta”.
Nesta edição a “CDP Entrevista…” continuou a dar voz aos vários atores ligados ao sector desportivo e que, através da análise destes temas essenciais para a comunidade em que estão inseridos, podem dar um contributo ao movimento associativo para que continue a ser uma referência em termos nacionais e internacionais.
Fonte: CDP, 24/03/2022