Esta semana a “CDP Entrevista…” abordou o Desporto de Formação e o impacto que a pandemia do COVID-19, que atualmente Portugal e o Mundo atravessam, está a ter e terá na prática desportiva dos mais jovens.
Para esta conversa foram convidados o presidente da Federação Portuguesa de Natação, António Silva, o presidente da Confederação de Treinadores de Portugal, Pedro Sequeira e o psicólogo na área do desporto, Jorge Silvério.
O presidente da Federação Portuguesa de Natação começa por transmitir que acha que este contexto de pandemia se irá traduzir na redução da prática desportiva “pelas restrições que decorrem da própria atividade, pelas dificuldades económicas (…), uma dificuldade económica acrescida por parte dos agregados familiares e pelo mais que provável desaparecimento de alguns núcleos de prática – clubes e associações desportivas – devido às dificuldades económicas que decorreram deste estado”, comprovando assim o impacto negativo.
Afirmando como maior dificuldade “convencer os jovens” e saber como é que “os treinadores mantêm os atletas”, o presidente da Confederação de Treinadores de Portugal sustenta a sua opinião com o facto de “na verdade, as perdas vão havendo, mas ainda estamos no início. Eu temo, que se as coisas piorarem, como infelizmente parece que é o que está a acontecer, não vai ser fácil os treinadores conseguirem manter os atletas tanto tempo motivados na prática de uma modalidade”.
Já o psicólogo na área do desporto ressalva que “se alguma coisa positiva podemos retirar da pandemia foi a importância que toda a gente deu, quem ainda não tinha percebido finalmente percebeu a importância que o exercício físico tinha na nossa vida”. Jorge Silvério reforça que “o exercício físico é extremamente importante para o desenvolvimento integral do ser humano” e assegura ainda que “as dificuldades de socialização dos nossos jovens vão aumentar”.
Na questão de apoios, António Silva afirma que “cada vez é mais complexo, cada vez é mais difícil, que as organizações desportivas, apesar de dependerem, grande parte delas, do estado, através do seu financiamento público via contratos-programa, desempenhar a sua função social relevante porque falta muita coisa e quando digo que falta muita coisa, falta financiamento, não é para as federações mas é para os clubes (…) basta analisar na vizinha Europa, onde o Reino Unido apoiou com o Fundo de Apoio de Emergência cerca de 325 milhões de euros, a Espanha juntamente com a cultura, só em Fundo de Emergência apoiou em 800 milhões de euros, a França apoiou em 120 milhões de euros e Portugal apoiou com zero milhões de euros e com uma redução de orçamento para 2021 para o desporto de 3 milhões de euros, equivalente a 3 a 5% do orçamento do Estado, que nem depende do Estado, depende dos jogos sociais para o Desporto”.
Pedro Sequeira revela estar preocupado com “o desconhecimento que algumas pessoas têm, e têm de tomar decisões relativamente ao contexto desportivo”. “Desde a primeira hora, todo o desporto cumpre as normas da DGS e aquilo que eu não compreendo é se as coisas no desporto estão a correr bem, mesmo desde o tempo de confinamento, porque é que não se vem fazer uma avaliação daquilo que se passa no desporto, porque nós já o fizemos mais do que uma vez, quer junto da Direção Geral de Saúde, quer da Secretaria de Estado do Desporto e da Juventude e eles concordam com a nossa visão”.
Embora sem dados em relação a Portugal, Jorge Silvério afirma que “segundo os números dos estados unidos, cerca de 30% dos atletas não vão voltar ao desporto que praticavam antes deste surto pandémico”.
Para a semana, mais um tema com grande impacto na comunidade desportiva, como sempre às 19h, no Facebook da Confederação o Desporto de Portugal.
Fonte: CDP, 12/11/2020