Esta quarta-feira discutiu-se a relação entre a obesidade e o desporto (veja a sessão completa), na companhia de Aurora Cunha, atleta olímpica, Adilson Marques, responsável pelo Programa Nacional da Promoção da Atividade Física e José Camolas, vice-presidente da Ordem dos Nutricionistas.
Começou-se por mencionar os dados da Organização Mundial de Saúde, que dão conta que a obesidade mais do que duplicou desde 1980 e, em 2014, segundo o Inquérito Nacional de Saúde, mais de metade da população portuguesa adulta tinha excesso de peso.
Considerando que “se nós hoje em dia fossemos fazer a média para calcular o peso normal, o peso normal hoje em dia corresponde a ter excesso de peso”, José Camolas sublinha a necessidade de estarmos atentos, uma vez que o excesso de peso está muitas vezes associado ao aparecimento de doenças graves.
Adilson Marques defende que é preciso combater este “flagelo da obesidade” e sabemos que “a atividade física para além do gasto energético que provoca durante a execução também tem benefícios mesmo depois, porque o metabolismo fica em repouso durante mais algum tempo, o que significa que está a consumir mais energia do que aquela que teria consumido se não tivesse entrado em atividade”, mas a “alimentação é claramente mais importante”.
Tendo o seu exemplo como trunfo, Aurora Cunha, enquanto atleta de alta competição, afirma que não podem, quando deixam de treinar com tanta intensidade, “comer da mesma maneira e em grandes quantidades, porque treinamos menos”. Mas sublinha ainda que “não é só o exercício físico, o exercício físico é importante, mas o mais importante é a maneira como nós nos alimentamos”.
De forma a influenciar a população a mexer-se mais, Adilson Marques sugere que “basta 15 minutos por dia de atividade física, mesmo moderada, nem precisa ser vigorosa, já existem benefícios” e acredita que um dos fatores explicativos para o baixo nível de atividade física dos é o desconhecimento das recomendações da direção geral de saúde, uma vez que “não sabem que existe uma quantidade mínima de atividade física que se recomenda que as pessoas pratiquem”.
José Camolas acaba por referir um estudo realizado em mais de 100 países, onde se “percebeu que a prevalência de excesso de peso era maior no mundo rural, que no mundo urbano”. E explica que estes resultados têm a ver com o “nível socioeconómico e toda uma mecanização do mundo rural”. Para contornar esta situação, o vice-presidente da Ordem dos Nutricionistas afirma que “temos de investir muito a sério naquilo que é a facilitação de acesso e na escolha informada, temos de conseguir que as pessoas tenham acesso verdadeiro a alimentos saudáveis, dentro dos seus recursos económicos e isto faz-se com políticas”. Por fim, a sua mensagem final defende que “o acesso à alimentação saudável e o acesso à atividade física, têm de ser facilitados”.
Já Adilson Marques remata a sua intervenção com a deixa para que se pratique mais desporto em prol também da “saúde mental”.
E Aurora Cunha conclui o debate com uma mensagem de esperança de que “vamos construir um país melhor, um país mais desportivo”.
Para a semana novo tema, a ser debatido como sempre às 19h, no FACEBOOK da Confederação o Desporto de Portugal.
Fonte: CDP, 15/10/2020