CONFEDERAÇÃO DO DESPORTO DE PORTUGAL

Decorreu, na passada quarta-feira, a estreia da rubrica da Confederação do Desporto de Portugal “CDP Entrevista”, onde estiveram presentes Filipa Godinho, da Direção da CDP, Jorge Braz, Selecionador Nacional da Seleção A de Futsal, Joana Schencker, atleta de bodyboard e Rui Bragança, atleta de taekwondo, que debateram a retoma do desporto em tempo de pandemia, sob a moderação atenta de Helena Marques.

Quando questionado sobre o impacto que o estado de pandemia teve no futsal, Jorge Braz afirma que a equipa não se deixou abalar pelo covid-19 e “concretizamos uma série de projetos, de reformulação de documentos, de visão estratégica do que é que queremos e do que temos feito até aqui”. Afirma ainda ter-se sentido desafiado, uma vez que “no desporto estamos habituados a arranjar soluções para os problemas e foi arranjar soluções e adaptarmo-nos para quando for possível voltarmos, estarmos minimamente prontos para voltar a ganhar, a triunfar e a seguir o nosso trajeto”.

Face ao novo panorama em que se vive e aos novos desafios que o mesmo acarreta, Filipa Godinho afirma que recorreram muitas vezes às plataformas digitais de streamming, reuniões online e telefones para “acompanhar as federações desportivas, clubes e atletas diariamente, numa fase onde prevalecia a falta de informação e o nosso papel passou por transmitir informação fidedigna”.

Com o intuito de sensibilizar a população a aderir às medidas impostas, a CDP realizou a campanha FIQUE EM CASA SAUDÁVEL e através dessa campanha que envolveu atletas, treinadores, associados e figuras públicas, tentou-se “passar as boas práticas e mensagens motivadoras para que as pessoas se mantivessem ativas, mesmo que em casa”.

No apoio aos associados, “primamos por um contacto permanente através de um projeto que temos que é a Rede Colaborativa, falando com as federações por setores, procurando dar suporte e identificar as principais dificuldades e mantendo um contato regular com a Secretaria de Estado da Juventude e Desporto que por sua vez fazia o contacto com a DGS”.

Na retoma das atividades após o confinamento, Rui Bragança identifica que o seu objetivo continua a passar pela qualificação para os jogos olímpicos, mas agora sem ter uma data definida. Os treinos já voltaram ao ginásio, mas sem contacto, “em vez de batermos no bob, batemos no saco e já existe uma dinâmica muito melhor, já não treinamos sozinhos”.

Já Joana Schenker, ao ver levantadas as regras que impediam a prática de desportos náuticos, tem treinado “como se fosse competir daqui a um mês”. Ainda que os calendários não estejam definidos, o circuito mundial – que era o seu objetivo – ainda não está estruturado, uma vez que ainda existem restrições a nível de viagens.

Ao ver o mundial adiado para 2021, Jorge Braz, vê este adiamento como “mais um ano de preparação e consolidação de muita coisa e novas oportunidades irão surgir para os atletas”. O selecionador afirma ainda que “os clubes foram altamente profissionais e reorganizaram-se naquela fase inicial e agora estamos a preparar o regresso dentro do que será possível, mas com cenários ainda bastante imprevisíveis”.

Para a Filipa Godinho “existiu a necessidade de criar a Comissão Médica da CDP para apoiar as federações e clubes no esclarecimento de dúvidas e na criação dos planos de retoma da atividade”. Esta Comissão, conta com a participação médicos especialistas em áreas como saúde pública, cardiologia, cirurgia geral, ortopedia.

A nível de objetivos, Joana Schenker afirma que eles não mudaram, foram apenas adiados. Em todas as competições “e em qualquer campeonato, o objetivo é vencer”. A nível mundial ela gostaria de renovar o seu título e alcançar o top mundial e renovar o título nacional e europeu. “Eu vejo isto como uma oportunidade de aperfeiçoar certas coisas que normalmente, como estamos sempre a competir e com calendários muito apertados, não temos tempo para dedicar a certos aspetos técnicos. Eu neste momento sinto que estou a surfar melhor do que estava antes da pandemia”.

Ainda que sem data para a primeira competição pós-pandemia, Rui Bragança destaca que tem vindo a fazer muito trabalho de preparação física para que no regresso à competição não haja o risco de contrair lesões já que quer “garantir a vaga para os jogos olímpicos” e trabalhar para melhorar as suas fragilidades.

Já Jorge Braz, salienta o comportamento dos atletas que, independentemente das dificuldades, se mantém focados nos objetivos, se adaptaram e corrigiram algumas fragilidades. “Os objetivos competitivos estão lá sempre. Esse foco não se desviou, temos é que adaptar o percurso e o processo para chegarmos lá, porque surgiu agora aqui um jogador novo com o número 19, a complicar aqui um bocadinho as coisas.”

Em jeito de considerações finais, Filipa Godinho salienta o orgulho que tem em partilhar o painel com os restantes convidados: “é um honra acompanhar estes atletas e agentes desportivos. Há trabalho com muito mérito na área do desporto, e é uma honra para a CDP poder contar com estas participações e boas práticas que servem de inspiração para toda a nação”.

Numa mensagem para os atletas profissionais que enfrentaram estes desafios, Joana Schenker assume que devem aplicar a mentalidade de “atleta” e assumir isto como um desafio e como “uma coisa que nos está a testar, como sendo o campeonato do covid”. “O que os atletas fazem é tentar superar um obstáculo que está à frente e isto é só mais um”.

Já Rui Bragança afirma que “o que é transversal a todos os desportos é que estamos habituados a superar desafios, aliás o que nos ser melhores é encontrar problemas e aprender a resolvê-los”. Por isso, sugere que “desfrutarem daquilo que fazem e tentarem descobrir ou redescobrir esse prazer que têm no desporto, agora que estiveram privados dele, quando voltarem vai saber muito melhor e é pegar nessa energia renovada e treinar com 10.000 vezes mais força”.

A mensagem do selecionador Jorge Braz assenta em que “tudo o que é difícil é mais motivante”. “O desporto tem dado exemplos muito positivos. Nós estamos cá para nos adaptarmos. Temos aí competições extremamente desafiantes e isto não vai servir de desculpa, de certeza.” “Para quem está habituado a estar no desporto, não vai servir de alibi, ou de desculpa, para o que temos de conquistar no futuro. Temos de estar prontos para ultrapassar e ganhar a este adversário imprevisível e invisível. “O Covid não vai servir de desculpa para os desafios que nós temos de enfrentar, vamos ter capacidade de nos adaptarmos como temos tido, e o desporto tem dado, muitas vezes, alegrias fantásticas”.

O primeiro debate, foi um sucesso, e contou com a presença de mais de 500 pessoas. A próxima edição está já marcada para a próxima quarta-feira, 8 de julho, às 19h.

Fonte: CDP, 03/07/2020