CONFEDERAÇÃO DO DESPORTO DE PORTUGAL

A pandemia do vírus COVID-19 impactou severamente o sector do desporto e as atividades relacionadas, face ao cancelamento de diversas competições desportivas, que constituem um forte apoio económico e social para a sociedade.

Tendo isto em consideração, o Departamento de Economia e Assuntos Sociais (DEAS) das Nações Unidas (NU) reuniu num documento um conjunto de recomendações para os governos para um retomar seguro dos eventos desportivos e da atividade física, em geral.

O desporto é, sem sombra de dúvida, um contributo essencial para o desenvolvimento económico e social, uma vez que se estima que a indústria do desporto representa, anualmente, um valor global de 756 mil milhões de dólares. Mas perante este período de pandemia, muitos profissionais de desporto viram os seus empregos em risco, assim como os sectores de atividade relacionados com a organização de competições, nomeadamente viagens, infraestruturas, transportes, alimentação, difusão mediática, entre outros. O mesmo documento refere que “os atletas profissionais estão também sob pressão para voltarem aos treinos, enquanto tentam manter-se em forma em casa, correndo o risco de perderem os seus patrocinadores que podem não apoiá-los conforme acordado inicialmente”.

No documento, o DEAS das NU destaca as repercussões económicas que o estado de emergência implica, referindo que o cancelamento dos jogos teve impacto também nos benefícios sociais dos eventos desportivos nacionais ou regionais. “O desporto é há muito considerado uma ferramenta valiosa para fomentar a comunicação e para construir pontes entre as comunidades e gerações. Através do desporto, vários grupos sociais podem desenrolar um papel mais central na transformação e desenvolvimento social, em particular, em sociedades mais divididas. Neste contexto, o desporto é utilizado como ferramenta para criar oportunidades de aprendizagem e de acesso a populações muitas vezes marginalizadas ou de risco.”
As preocupações expressas pelo DEAS da NU vão além das questões económicas, ressalvando igualmente o bem-estar e as dificuldades de manter uma atividade física regular. Uma vez que foram encerrados os ginásios, estádios, piscinas, estúdios de dança e fitness, centros de fisioterapia, parques e áreas de recreio, muitas pessoas não têm condições para realizar as suas atividades físicas regulares, sejam elas individuais ou em grupo, fora de casa. Nestas condições, muitas pessoas tendem a tornar-se menos ativas, a passar mais horas em frente aos ecrãs e a desenvolver padrões de sono irregulares e uma pior rotina de alimentação. Isto resulta à posteriori numa pior condição física, com ganho de peso. No documento podemos ainda ler que “as famílias com baixos rendimentos são especialmente vulneráveis aos efeitos negativos das regras de confinamento, pois apresentam condições inferiores de acomodação e espaços mais pequenos, tornando a tarefa de fazer exercício, mais complicada.

Neste sentido, salientamos algumas das recomendações presentes no documento:
Federações Desportivas e Organizações: O governo e as organizações intragovernamentais devem apoiar as federações desportivas, clubes e organizações através de um guia que forneça diretrizes a nível de segurança, saúde, emprego ou outros protocolos e standards internacionais, que podem ser aplicados, no futuro, aos eventos desportivos e às respetivas condições de segurança no trabalho.

Ecossistema desportivo: A equipa de trabalho de um evento desportivo que junta produtores, media, adeptos, empresas, proprietários e atletas precisam “encontrar soluções novas e inovadoras para mitigar os efeitos do COVID-19 no mundo do desporto”. É necessário criar sinergias para gerar novas formas de envolver os adeptos, garantir a segurança dos eventos desportivos no futuro e conceber novos modelos e estratégias de atuação.

Atividade física e bem-estar: Para superar os impactos que o COVID-19 teve na atividade física e bem-estar da sociedade, o governo necessita trabalhar em cooperação com os serviços de saúde, escolas e organizações da sociedade civil que representam diversos estratos sociais, de forma a garantir a possibilidade de realizar atividades físicas em casa, nomeadamente online e off-line, para quem não tem um fácil acesso à internet.

O sistema das Nações Unidas pretende apoiar os governos e outros stakeholders para garantir a recuperação efetiva e reorientação do sector desportivo, enquanto reforça a utilização do desporto para atingir um desenvolvimento sustentável e a paz na sociedade. A pesquisa científica e o ensino superior são pilares indispensáveis para informar e orientar futuras políticas. A cooperação entre os governos e as entidades da NU resultará no melhor aproveitamento do desporto para promover o bem-estar.

Para além de fornecer uma boa forma física e um bem-estar físico e mental, o desporto é ainda uma excelente ferramenta para a promoção de comportamentos sociais positivos.

Para saber mais sobre as recomendações das Nações Unidas, clique aqui.

Fonte: CDP/NU, 24/05/2020