Os Jogos Olímpicos de Roma tinham terminado havia um ano. Muito embora a sensacional saída de blocos do alemão Armin Hary que valera a primeira medalha de ouro europeia na prova rainha dos Jogos, os 100m, me tivesse quase deslumbrado, e haveria de marcar as minhas futuras opções desportivas, naquela altura o meu mundo desportivo girava em torno do futebol.
Estavamos a cinco de setembro de 1961. A equipa de futebol do Benfica utilizando ainda o onze que lhe dera o título europeu vencera, na véspera, o Peñarol na primeira mão da Taça Intercontinental, e partia para um particular na Bélgica.
Encontrava-me acidentalmente no aeroporto quando vejo, ali a dois passos, todos aqueles que se tinham recentemente sagrado Campeões Europeus. Quase não dava para acreditar!
Guardo ainda, qual preciosidade, o conjunto de autógrafos conseguidos daqueles ídolos dos meus treze anos. Entre eles o de um jovem ainda pouco conhecido o qual escreveu, com uma linda caligrafia, uma palavra que, dentro em pouco, seria mágica: Eusébio!
Na Portela, naquela tarde, digamos que me encontrei com o futuro do futebol português. Em Amsterdão, meses mais tarde, os “magos” futebolistas do Real Madrid haveriam de o conhecer também abrindo-se-lhe, desde então, as portas do Mundo.
No Mundial de 1966 em Inglaterra maravilhou-nos atingindo, talvez, o expoente máximo de uma carreira plena de pontos altos e muito altos que o transformaram num verdadeiro mito.
Haveria de me cruzar, muitos anos mais tarde, com ele por diversas vezes. Nomeadamente, em Paris, na sede da UNESCO, quando o Comité Internacional de Fair Play em face da sua conduta no desporto e na vida sempre no mais elevado espirito de Fair Play lhe concedeu o seu máximo troféu, ou quando a Confederação do Desporto de Portugal, em 2010, o distinguiu como uma das figuras do Século.
Nada é perpétuo mas o Senhor Eusébio é inesquecível!
Fonte: A Bola, 08/01/2014