O Rei que tanto protegera a causa desportiva fora assassinado. A presença portuguesa nos Jogos Olímpicos de Londres, sem impulso do monarquico, ficara por mera miragem.
Uma miragem com eco! Os feitos atléticos da elite mundial no White City Stadium entusiasmam os nossos “sportsman” mobilizando-os para encontrar um projeto que não se enredasse nas teias “higienistas” assustadoramente anti-desporto, os quais se preparavam para criar uma Sociedade Promotora de Educação Física (SPEFN).
A criação da Sociedade adquirira já velocidade de cruzeiro, a única solução era mesmo “apanhar o comboio” e torná-lo olímpico. Foi o que o“irriquieto” desportista Conde de Penha Garcia aliado ao pedagogo dr. Mauperrin Santos, diretor da Escola Académica onde o desporto era atividade fundamental, fizeram.
A 27 de Novembro de 1909 a Assembleia Geral da SPEFN elege Penha Garcia como presidente e Mauperrin Santos vice! Quinze dias depois Coubertin felicita a Sociedade e em Maio 1910 são lançados os Jogos Olímpicos Nacionais.
Chega a República, Garcia exila-se e Mauperrin toma conta da Sociedade e torna-se no garante do olimpismo.
Os Jogos de 2012 (Estocolmo) são o horizonte. Pouco antes da partida da equipa olímpica considera-se conveniente a existência de uma organização com a designação de Comité Olímpico. Na continuação do trabalho até então feito, Garcia representa Portugal no CIO e Mauperrin é eleito presidente do, agora, denominado Comité Olímpico Português.
Passa hoje (ontem para os leitores) um século sobre a morte de Mauperrin Santos um dos homens que mais contribuiu para as bases do desporto organizado em Portugal.
Sem poetas como Camões falta, neste país, engenho e arte, para conseguir libertar da lei da morte os autores das obras valorosas!
Aquela é, frequentemente, mesmo ainda em vida, inexoravel para os portugueses! Depois, salvo para raras excepções, é o esquecimento profundo!
Se assim não fosse, talvez o desporto português se tivesse lembrado do Homem que morreu a 15 de Dezembro de 1913!
Fonte: A Bola, 16/12/2013