O seleccionador nacional Orlando Duarte, em entrevista ao site Futsal Portugal, falou abertamente sobre os últimos oito anos no comando da "equipa das quinas".
Destaques da entrevista:
- Em relação ao balanço recordo perfeitamente o ponto alto quando ganhamos à Ucrânia que era apontada como favorita. Foi um marco histórico que fizemos no futsal nacional. Depois com uma equipa de amadores conseguimos chegar ao patamar mais elevado na Guatemala. Isso foi fruto fruto de um conjunto de jogadores, homens de grande carácter, jogadores de grande qualidade, no fundo juntou-se tudo. Muitas vezes não basta ter jogadores de qualidade, é preciso homens de carácter, e nós tivemos-los nessa altura, não era de todo a nossa meta, jogámos contra equipas profissionais, as duas melhores ficaram nos dois primeiros lugares.
- No fundo, o balanço em termos globais é melhor nos primeiros tempos, e nos últimos por um motivo ou por outro, não temos conseguido maiores feitos. No Europeu do Porto, foi como foi, com esta geração, pela fase em que estava acreditávamos que podíamos ganhar alguma coisa, mas perdemos as meias-finais por pénaltis...
- Falta-nos sempre qualquer coisa, antes disso em Taiwan podíamos empatar com a Espanha, e, acabámos por perder. Falta-nos sempre os pormenores e é esse o problema que temos tido.
E depois, agora neste Mundial, tínhamos esperanças e objectivos elevados, sabemos que tínhamos capacidade para fazer melhor e o sentimento ainda continua a ser de revolta, ganhamos ao Paraguai e se tivéssemos ganho à Itália, já não acontecia o que aconteceu no último jogo e portanto, a culpa também é nossa.
Deixámos que fizessem o que queriam no último jogo, mas o sentimento é de revolta, não se podem assinar declarações de fairplay antes dos mundiais e depois acontecerem coisas como aquelas que aconteceram. O que me desgosta ver, embora nós treinadores saibamos isso, é que os resultados é que contam.
Gostava de ver se uma coisa destas tivesse acontecido com a Espanha, o que é que a comunicação social teria feito e teria dito. Ainda me recordo quando em 2000 eliminámos a Itália, em que o França desviou a baliza, até hoje os Italianos falam do mesmo e já lá vão oito anos.
- No Europeu no Porto, em que só não guardo melhores recordações pelo facto de termos perdido a meia-final, recordo o carinho, o passar na rua nas camionetas, foi uma experiência única para todos nós. Foi especial sentir o apoio do povo português, ou do povo do futsal, como eu costumo dizer.
- Foi esse no Porto, em termos de Selecção, foi esse. A forma violenta como fomos eliminados, sentimos que estivemos por cima durante todo o jogo, quatro contra quatro fomos sempre superiores e depois numa situação para a qual nos tínhamos preparado acabamos por falhar nesse pormenor. A todos os treinadores acontece isso, preparar as coisas e depois acabar por perder um jogo nesses pormenores que treinamos, e claramente agora no Mundial em que perdi todo o respeito por essa gente italiana, não quero passar por eles, nem os quero ver.
- Quando saímos do hotel em Brasília, lembro-me da equipa do Irão a bater palmas, outras equipas quase nos pediram desculpas por termos sido eliminados, é um sentimento triste de revolta.
- O mais grave disto tudo é que no Jornal Globo no dia anterior, os jornalistas italianos diziam, já escreviam aliás, que preferiam perder o jogo, para ficarem no 2º lugar, e não apanharem o Brasil nas meias finais. Quem lá esteve apercebeu-se disso, toda a gente lia, toda a gente sabia, e a FIFA nada fez, nem se preocupou com isso sequer.
- Nesses momentos não é sair da Federação, é sair do Futsal, deixar isto tudo! Mas não vale a pena, eu não consigo, eu sou de treinar até à exaustão, nós temos a informação dada, planeada, organizada e tudo isso é a minha forma de estar
- Gosto daquilo que faço e não trocava isto por nada, mas de repente acontecem estas coisas...
- As pessoas optam por sensacionalismos e mentiras! Foram anunciadas reuniões que não existiam, agendadas sem que tal tivesse acontecido.. quer com a Federação quer com o Presidente pessoa alias de quem recebi todo o apoio. Estes factos demonstram a falta de preparação de algumas das pessoas que falam e escrevem acerca de futsal.
- Mas é verdade estava pouca gente da nossa modalidade no Brasil, por vezes acontece o mesmo por cá, pavilhões cheios mas ninguém de responsabilidade na modalidade marca presença. Encaro naturalmente este facto,eu por mim vou ver os jogos de diferentes escalões, masculinos, femininos e em todos eles aprendo qualquer coisa. É uma opção pessoal. A minha paixão pela modalidade continua a existir e a busca de actualização e aperfeiçoamento estão sempre presentes.
- Costumo dizer que só dou importância a quem vejo competência, aos outros não ligo. Não foi este o caso, se a criticas viessem de gente competente teria de avaliar bem.
Já tive convites sim, mas estou neste momento ligado à nossa selecção e acredito que no futuro próximo há muito trabalho para fazer. Os convites em tempos foram muitos, tanto de Portugal como do estrangeiro, sei que no dia que sair da Federação há algumas pessoas à minha espera.
- É uma festa que estes jogadores fazem sempre que aqui estão, gostam de estar uns com os outros. É claro que se ouvisse toda a gente tinha de trazer 30, só posso trazer 14 de cada vez, há um conjunto de 8 que vêm sempre, depois de um lote que é cada vez mais alargado escolho mais 6. Desta vez veio o João Matos, o Tiago da Fundação não veio por lesão e há mais jogadores novos que virão aqui em breve.
- Acredito que a nossa selecção feminina se fosse criada seria uma das melhores do mundo. As nossas atletas femininas têm uma qualidade excepcional, isso ficou provado no último mundial universitário.
- É normal que antes de uma nova fase de crescimento se verifique um ponto de estagnação. Se regredir é que é mau. Se olharmos para os números, os praticantes continuam a crescer, mas é evidente que podia estar melhor, há coisas que são os dirigentes que têm de tratar.
Fonte: Futsal Portugal 05/12/2008
Destaques da entrevista:
- Em relação ao balanço recordo perfeitamente o ponto alto quando ganhamos à Ucrânia que era apontada como favorita. Foi um marco histórico que fizemos no futsal nacional. Depois com uma equipa de amadores conseguimos chegar ao patamar mais elevado na Guatemala. Isso foi fruto fruto de um conjunto de jogadores, homens de grande carácter, jogadores de grande qualidade, no fundo juntou-se tudo. Muitas vezes não basta ter jogadores de qualidade, é preciso homens de carácter, e nós tivemos-los nessa altura, não era de todo a nossa meta, jogámos contra equipas profissionais, as duas melhores ficaram nos dois primeiros lugares.
- No fundo, o balanço em termos globais é melhor nos primeiros tempos, e nos últimos por um motivo ou por outro, não temos conseguido maiores feitos. No Europeu do Porto, foi como foi, com esta geração, pela fase em que estava acreditávamos que podíamos ganhar alguma coisa, mas perdemos as meias-finais por pénaltis...
- Falta-nos sempre qualquer coisa, antes disso em Taiwan podíamos empatar com a Espanha, e, acabámos por perder. Falta-nos sempre os pormenores e é esse o problema que temos tido.
E depois, agora neste Mundial, tínhamos esperanças e objectivos elevados, sabemos que tínhamos capacidade para fazer melhor e o sentimento ainda continua a ser de revolta, ganhamos ao Paraguai e se tivéssemos ganho à Itália, já não acontecia o que aconteceu no último jogo e portanto, a culpa também é nossa.
Deixámos que fizessem o que queriam no último jogo, mas o sentimento é de revolta, não se podem assinar declarações de fairplay antes dos mundiais e depois acontecerem coisas como aquelas que aconteceram. O que me desgosta ver, embora nós treinadores saibamos isso, é que os resultados é que contam.
Gostava de ver se uma coisa destas tivesse acontecido com a Espanha, o que é que a comunicação social teria feito e teria dito. Ainda me recordo quando em 2000 eliminámos a Itália, em que o França desviou a baliza, até hoje os Italianos falam do mesmo e já lá vão oito anos.
- No Europeu no Porto, em que só não guardo melhores recordações pelo facto de termos perdido a meia-final, recordo o carinho, o passar na rua nas camionetas, foi uma experiência única para todos nós. Foi especial sentir o apoio do povo português, ou do povo do futsal, como eu costumo dizer.
- Foi esse no Porto, em termos de Selecção, foi esse. A forma violenta como fomos eliminados, sentimos que estivemos por cima durante todo o jogo, quatro contra quatro fomos sempre superiores e depois numa situação para a qual nos tínhamos preparado acabamos por falhar nesse pormenor. A todos os treinadores acontece isso, preparar as coisas e depois acabar por perder um jogo nesses pormenores que treinamos, e claramente agora no Mundial em que perdi todo o respeito por essa gente italiana, não quero passar por eles, nem os quero ver.
- Quando saímos do hotel em Brasília, lembro-me da equipa do Irão a bater palmas, outras equipas quase nos pediram desculpas por termos sido eliminados, é um sentimento triste de revolta.
- O mais grave disto tudo é que no Jornal Globo no dia anterior, os jornalistas italianos diziam, já escreviam aliás, que preferiam perder o jogo, para ficarem no 2º lugar, e não apanharem o Brasil nas meias finais. Quem lá esteve apercebeu-se disso, toda a gente lia, toda a gente sabia, e a FIFA nada fez, nem se preocupou com isso sequer.
- Nesses momentos não é sair da Federação, é sair do Futsal, deixar isto tudo! Mas não vale a pena, eu não consigo, eu sou de treinar até à exaustão, nós temos a informação dada, planeada, organizada e tudo isso é a minha forma de estar
- Gosto daquilo que faço e não trocava isto por nada, mas de repente acontecem estas coisas...
- As pessoas optam por sensacionalismos e mentiras! Foram anunciadas reuniões que não existiam, agendadas sem que tal tivesse acontecido.. quer com a Federação quer com o Presidente pessoa alias de quem recebi todo o apoio. Estes factos demonstram a falta de preparação de algumas das pessoas que falam e escrevem acerca de futsal.
- Mas é verdade estava pouca gente da nossa modalidade no Brasil, por vezes acontece o mesmo por cá, pavilhões cheios mas ninguém de responsabilidade na modalidade marca presença. Encaro naturalmente este facto,eu por mim vou ver os jogos de diferentes escalões, masculinos, femininos e em todos eles aprendo qualquer coisa. É uma opção pessoal. A minha paixão pela modalidade continua a existir e a busca de actualização e aperfeiçoamento estão sempre presentes.
- Costumo dizer que só dou importância a quem vejo competência, aos outros não ligo. Não foi este o caso, se a criticas viessem de gente competente teria de avaliar bem.
Já tive convites sim, mas estou neste momento ligado à nossa selecção e acredito que no futuro próximo há muito trabalho para fazer. Os convites em tempos foram muitos, tanto de Portugal como do estrangeiro, sei que no dia que sair da Federação há algumas pessoas à minha espera.
- É uma festa que estes jogadores fazem sempre que aqui estão, gostam de estar uns com os outros. É claro que se ouvisse toda a gente tinha de trazer 30, só posso trazer 14 de cada vez, há um conjunto de 8 que vêm sempre, depois de um lote que é cada vez mais alargado escolho mais 6. Desta vez veio o João Matos, o Tiago da Fundação não veio por lesão e há mais jogadores novos que virão aqui em breve.
- Acredito que a nossa selecção feminina se fosse criada seria uma das melhores do mundo. As nossas atletas femininas têm uma qualidade excepcional, isso ficou provado no último mundial universitário.
- É normal que antes de uma nova fase de crescimento se verifique um ponto de estagnação. Se regredir é que é mau. Se olharmos para os números, os praticantes continuam a crescer, mas é evidente que podia estar melhor, há coisas que são os dirigentes que têm de tratar.
Fonte: Futsal Portugal 05/12/2008